quinta-feira, 7 de junho de 2012

É uma festa. Com hora pra acabar.




Eu não tenho medo de mudanças. Eu tenho medo do sofrimento causado por elas.
Para evitar isso, eu tenho me podado de algumas coisas, por aqui. É uma estadia curta: um ano, doze meses e muitas, mas muitas pessoas que não farão mais parte da minha rotina. Que não estarão do outro lado do celular com mensagens ilimitadas, nem andarão pelas ruas de Paris depois da balada cantando o sucesso chiclete do momento e dançando, depois de umas e outras.
Pessoas que são importantes na composição do quadro que eu pinto de Paris e que me trouxeram e continuam a trazer sorrisos a cada nova página em branco que eu ofereço a mim mesma, na esperança de sempre fazer melhor, de fotografar uma cidade diferente a cada passeio ou simples saída do meu quarto.
Eu sei que vai ser difícil. E mais difícil ainda vai ser aceitar que a realidade de cada um de nós é diferente e que eu tive todas elas por um pedacinho de vida e agora, por mais que eu queira visitá-los algum dia, não será mais a mesma coisa.
Eles partem, e eu sinto não que o clichê "um pedaço de mim vai com eles" se faz verdadeiro, mas que um pedaço da minha juventude, das minhas festas e dos meus "dolce far niente" açucarados foram jogados no meio da chuva de verão. E é triste. Porque, por mais que eu tenha evitado deixar com que alguns transpassassem as muralhas do meu castelo, alguns simplesmente fizeram a ponte baixar e, sem batalha nenhuma, entraram, tomaram um chá (ou um vinho) e me deixaram ali, fazendo de conta que eu ainda dominava minhas parcas emoções a respeito de quem entra ou fica na minha memória.
Eu vou sentir falta de tudo isso, por mais que eu tenha criado essa barreira invisível. Por mais que eu queira aceitar suavemente que isso passa. Por mais que eu esteja presa a Paris por lembranças de momentos que eu não vivi e de alegrias que eu não tive. Eu sei que elas estavam ali, esperando por mim. E foi uma escolha não fazer sempre de Paris a festa que ela prometeu.

Sendo um passeio de domingo à tarde, já vai fazer um rombo no meu coração quando eu fechar a porta e não disser tchau pra quem viveu isso comigo.
Imagina se fosse um eterno sábado à noite...