segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O primeiro amor

Hoje, no banho, eu lembrei de vários textos. Meus, dos outros famosos, dos autores aspirantes, daqueles que quebraram meu coração e outros que me emocionaram. E aí me veio a seguinte pergunta:

O primeiro amor a gente nunca esquece?

Se engana quem pensa que eu vou tentar achar respostas ou contar como foi. Foi só um surto de questionamentos e imagens que me vieram à cabeça naquela hora.
O primeiro amor seria qual? Aquele que você achava que gostava, no Ensino Fundamental I (antigo primário)? Aquele que fazia você morrer de vergonha ao sentar perto e, consequentemente, derrubar suas canetas cuidadosamente arrumadas na mesa, ou tropeçar ao entrar na sala, ou qualquer coisa digna da sala inteira rir da sua cara?
Seria o primeiro amor, aquele que realmente te fez sentir a barriga gelada, pontadas no coração com pagodes (sim, porque nessa hora eles fazem sentido. Sempre quando alguém toma um pé/não é correspondido/tá no fundo - MESMO - do poço, eles viram poesias) e aquela vontade incontrolável de ser brega? Porque, naquela hora, vem tem certeza absoluta de que o ama, de que, pela primeira vez, pode encher a boca pra cantar "Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar" sem medo de não ser sincera consigo mesma.
Seria o primeiro que foi correspondido? O primeiro cara da sua vida?O primeiro com quem você sonhou constituir família e juntar os trampos? Aquele com o qual você namorou por mais tempo? Aquele com o qual você sossegou? Aquele que faz o pensamento viajar, mesmo depois de 'tanto tempo', lembrando dos momentos, mesmo quando já passou a época de vocês?
Eu, sinceramente, não sei.
Sei que tem coisas que você não esquece nunca. Coisas que podem ficar guardadas pra você, como um bolinho de lembranças que você guarda com carinho e para o qual se dirige num momento de pensamento perdido. Isso não quer dizer que você ainda ama alguém: só que aquela pessoa ainda te marcou. De um jeito bom, como seu primeiro pé na bunda, como o primeiro namoro sério ou como a história mais enrolada de todas. Marcou.
Acho que a gente só não esquece quando alguma coisinha não ficou resolvida. Acho que só uma grande decepção ou aquele bom e velho acordo de "não tá mais dando certo"/"É, eu também acho"(sincero, minha gente) são capazes de dar àquele amor antigo a plaquinha de 'eliminado'.
E aí fica a enquete: Quem aqui tem um amor não resolvido/amor não esquecido?


"Eu te amo porque te amo. Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo".

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Box

Devia ser sócia da Eletropaulo e da Sabesp, não uma sócia não ativa do Greenpeace, que controla a água da pia da cozinha.
Durante o banho, lembrou naquela noite. Pensou, pensou e quis achar algum maneira pra descobrir o que fazer.
Pensou numa mandinga e não teve dúvidas: executou-a no próprio chuveiro.

Escreveu as inicias deles dois dentro de um coração, no box, e fechou a torneira.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Se cuida

Cenas como aquela, deprimentes, aconteciam todo dia, bem ao lado dela e ela só tentava imaginar o que havia acontecido na vida alheia.
Quando isso acontecia na sua vida, não imaginava nada: buscava na memória o que ou quem havia pintado aquele quadro melancólico. Só não era bucólico porque o alumínio e o tilintar de ferros do metrô eram metropolitanos demais.
Sentados ali, pareciam um casal de idosos que já não tinham nada a falar um ao outro. Não que naquela hora se entendessem com o olhar; o que faltava era uma palavra (ou um conjunto delas) que explicasse exatamente o silêncio causado por algo que desconheciam.
As mãos unidas displicentemente mostravam dedos entrelaçados que apontavam, quase sem querer, para seus respectivos donos. Ela reparou, trançando palavras e tecendo a cena, que se desenhava sozinha.
Sentiu-se estranhamente triste, com as mãos cruzadas no colo. Havia mais alguma coisa entre elas? Não dava pra saber, eram dois corpos imóveis ocupando lugares diferentes de seus pensamentos no espaço.
De um lado, alguém se maquiava. Ela fazia isso quase todo dia e sabia que chamava a atenção. Resolveu não pensar. Lembrou de algo que ouvira do dono das mãos na semana anterior: "Quando você quiser casar comigo, a resposta é sim". Ouviu as palavras e pensou que aquele era só um dia ruim - não causado pela TPM, no fim das contas (mentais).
A mulher desceu. A lágrima se jogou. E lá se foi sua parca maquiagem...

Solta mão, abre porta, junta mão, fecha porta.

Beijo, se cuida.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Frase da vida


"Se as coisas não andam, só existem duas explicações: ou sua perseverança está sendo testada, ou você precisa mudar de rumo".
Para refletir. O que eu faço há tempos, mas continuo parada na bifurcação.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Vernissage

Pegou as malas e partiu. Assim, recolhendo quadro por quadro daquela parede enorme, adornada pelo tempo que quis.
Conheceu novas paisagens. Pintou novos quadros. Uns impressionistas, à la Monet. Outros modernistas, cubistas ao extremo, com um toque de Picasso. Selecionou vários pra sua parede interna - a parede do maior quarto da casa em que as paredes eram quase uma exposição.


Resolveu pintar um quadro como Magritte.

(...)


Destrancou a porta e voltou para fazer a vernissage.

domingo, 11 de abril de 2010

Souvenirs d'infance

J'ai beaucoup de petites souvenirs de m'infance. Je n'ai pas de grands souvenirs, comment voyages, 'le gateau de la grand-mère" ou les divertissement dans la rue, mais je peux me rappeler de beaus jours dans chez moi avec toute ma famillie.
Je me rappele Samedis, quand moi, ma soeur et ma mère lavions les tapis. C'etait très amusant, parce qu'il y avait une petite piscine plastique près de le cour (où nous lavions les tapis).
Ces jours-là, moi et ma soeur soulement jouions, parce qu'il y avait d'eau, du solleil, de la musique e beaucoup de sourrires.

J'amais dessiner, donc, je dessinais beaucoup.
Ma mére est très atentive, donc, nous faisions beacoup de chose dans chez nous. Je me rappele de le gateau de ma mère (le meilleur qui j'ai dejá mangé), de les conversations avec ma soeur, de mon chemin.. J'ai beacucoup de souvenirs d'infance.


(posto as correções no próximo post. =D )

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Rascunho



"Ela ficava ali, dedilhando o teclado como se fosse um violão. Gostava de sentir os dedos tocarem as teclas sem fazer muito barulho e sem parar entre as palavras. Odiava ter que apertar o Backspace - ele sempre ía além do que ela queria.
Apertava as teclas e lembrava de como tinha sido o seu dia. Tinha feito poucas coisas, mas ele havia sido recheado das pequenas delícias que tornavam a vida dela mais feliz. Não falava só do chocolate maciço que ela comera como almoço. Falava do sofá em que estava displicentemente sentada como se fosse o seu. Da casa desarrumada e dos minutos que passara sozinha, olhando pra televisão e vendo sua vida de outra maneira naquela tela."

Incompleto, de 21/04/08.

sábado, 20 de março de 2010

Eu andei por muito tempo pensando em alguma coisa relevante pra escrever aqui. Muitos, mas muitos temas vieram, outros se foram e alguns apareceram com parágrafos inteiros, escritos, mas não seria de bom tom escrever certas coisas. Aliás, escrever sem ter o que falar nunca foi do meu feitio, não seria agora que eu começaria, certo?
Eu vim com uma sede enorme de postar, de voltar a escrever, de me treinar, porque escrever é uma das poucas coisas que me enchem e me aliviam ao mesmo tempo, no melhor estilo clichê de ser, mas quando encostei nas teclas, não sabia mais o que tinha vindo fazer aqui. Acho que vai ser só uma semi satisfação praqueles raros que liam o blog e me perguntaram 'por onde anda você no mundo blogueiro?'. Aqui estou eu.
Pra não deixar ninguém curioso (ou só pra quem quiser, mesmo), vou colocar alguns dos possíveis temas nos quais eu pensei, durante esse tempo, mas que não frutificaram muito/eu não quis frutificar mais - não necessariamente na ordem em que me ocorreram.

Só quem tem um amigo sabe do que eu estou falando. E talvez, quem não tenha, saiba do que sente falta (eles têm me ocupado e me ajudaram de formas fora do comum)

Razão x emoção. O embate travado dentro de mim há tempos, parece que nunca vai ter fim, mas que uma das partes está amadurecendo. (Como eu percebi? Seria o texto...)

Por mais que a gente brigue e se descabele, nada paga a sua mãe olhar pra você quando você está mal e dizer: 'Oi! Comprei uma Trakinas de chocolate pra você!' com a cara mais doce do mundo, como se eu tivesse 4 meses e ela me desse um chocalho. (e daí derivariam as maravilhas de ter alguém que se preocupa e cuida de você INCONDICIONALMENTE. E sim, é a única pessoa no mundo que faz isso, no matter what, how or when).

Coisas que eu aprendi namorando. Coisas boas e ruins, pequenas e grandes, interiores, exteriores, etiqueta familiar, pessoal, sexual, interpessoal e por aí vai. (Seria uma lista e tanto, pelo menos na teoria..)

A lista da ética pós-namoro. Coisas que as pessoas odeiam fazer, odeiam que sejam feitas, fazem porque querem, porque não querem, das quais se privam, que fazem questão de mostrar, coisas que eu ainda não faço e que ainda me sinto estranha em fazer. Aquela dúvida que incomoda algumas pessoas: como se desligar de uma forma humana e sem magoar ninguém? O que tirar, o que manter? Será que é pra desligar mesmo? Por que eu ainda lembro? (mas eu não sei se conseguiria atingir a universalidade camoniana e ficaria um post meio 'O que Marcela faria ou não', o que deveria ser só um pedaço do texto)

Minha viagem de Olinda. É, seria um texto longo, falando sobre a arte da convivência, mas esse qui sempre foi um blog sobre outros temas. Diário fica pras folhas pautadas do meu caderno vermelho.

Vazio. Um texto em branco. Pra atualizar reproduzindo minha cabeça em alguns dias.

Bom, quem quiser contribuir com temas ou votar em algum pra eu ter o que desenvolver, por aqui, fique à vontade. Era só pra vocês terem alguma coisa sem duplos sentidos, metáforas, metonímias e afins aqui no blog.
Direto, verdadeiro e com as palavras querendo dizer aquilo que estão dizendo, mesmo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Bonequinha de vidro

Trilha sonora:

Tudo o que ela queria, era poder contar pra todo mundo, inclusive pra eles dois, que ela era dele. Não só como namorada, mas com todas as pequenas coisas embutidas.

Os dias, as noites, as tardes, os pensamentos nos momentos difíceis, o desejo de um abraço, o tesão, a vontade de ter um braço do lado pra se apoiar durante a noite, as lembranças mais doces e algumas das mais ardidas, os planos de domingos no parque com um bebê com a bundinha gorda de fraldas dando os primeiros passos e sendo segurado pelo pai (sim, ele de novo), as briguinhas pela quantidade de sal nas comidas, a pizza de sexta, o desejo de ter um apartamento juntos, a quase necessidade de ter alguém que a segure nos momentos em que tudo parecer ruir, o cafuné quando a cólica apertar, alguém pra contar como foram as aulas do dia e alguém pra ouvir contar sobre o dia duro de trabalho, os momentos em que ela fica acordada, antes de dormir, querendo aquele beijinho em silêncio e aquela mão colocada quase que displicentemente sobre a barriga dela, os dias de chuva solitários, os dias de sol que colocavam aquele sorriso preguiçoso no rosto dele... todas essas grandes e pequenas coisas eram dele. E talvez ele nem soubesse.

Ele não era como o príncipe com que ela havia sonhado, e isso talvez se devesse ao fato dela não sonhar mais com isso, só com atitudes. Queria gritar pra ele a cada tarde em que os minutos se arrastavam que era com ele que ela queria ficar. Era ele que dava alegrias e momentos dos quais ela não esqueceria jamais. Queria poder dizer sem medo, como aquele que você tem ao pular da piscina, que ela era dele. Não queria outra pessoa pra estar ali, nem outro homem pra ser dela. E ouvir que ele era dela, também, seria o presentinho que ficaria na cúpula de vidro, em cima da caixa com os outros presentes que ele dava a ela todas as vezes em que a chamava pelos apelidos que só eles sabiam, que olhava pra ela enquanto mexia em seu cabelo ou que simplesmente deixava claro que ela fazia uma marca na vida dele. Uma marca boa, daquelas que não se esquece nem mesmo quando acaba o verão.

Queria a reciprocidade intensa dos momentos que passavam juntos sem nuvens.

O que importava, era que ela queria poder se arriscar mais do que já se arriscava. Queria saber que as fases passam e que o importante prevalece. Queria que todo mundo soubesse que ela acreditava no potencial que ele tinha de fazê-la feliz como o sorvete de chocolate na aurora da vida. Ela acreditava nele. Talvez até mais do que ele próprio. Queria gritar de felicidade a cada pequeno dia em que se sentisse completa. Se durasse pouco, e daí? Ela teria se sentindo a princesa dele.

Queria que ele soubesse que era capaz de fazer coisas mirabolantes só pra ver aquele sorrisinho de ‘Essa é a minha garota. Fantástica, como sempre’. Ela queria vê-lo feliz. Se fosse com ela pelo tempo que o mundo permitisse, seria melhor.

Não acreditava mais nos ‘pra sempre’ que ouvia nem era mais capaz de proferi-los. Era quase um impropério, ainda mais nas condições em que ela se encontrava. Mas o tempo que o amor durasse, seria o tempo deles. Depois disso, nada mais seria possível. E ela, do fundo do coração, queria saber contornar tanto as mazelas do mundo quanto as suas próprias, pra que nada influísse na energia que emanava. Queria ser melhor, queria ser inteira, queria ser uma mulher de verdade.

E, se já era uma, era completamente dele.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Passo a passo

Acordou fazendo parte da propagando de margarina. O sol iluminava o quarto e produzia sombras nos lençóis claros.
Ele não estava a seu lado, mas, pelo barulho dos talheres, deduzira o óbvio: fazia o café, numa noite em que ela custara a dormir.
Questionou internamente o real sentido de tudo aquilo, porque suas crenças eram baseadas no binômio palavras + atitudes. Apenas uma das duas partes não tornava sua sentença verdadeira, por mais que, em certas vezes, abrisse mão de tal comprovação: acreditava no que fosse mais fácil. E agora, acreditar que o café era um gesto de cuidado e carinho era o melhor a fazer.
Nunca mais esquecera daquela manhã: gestos de carinho ansiosos, a refeição cuidadosamente planejada pra ela, a preocupação dele em carregar a bolsa dela, sempre tão pesada.
Sentia-se a portadora de algum tipo de riqueza, daquelas que não precisam de escoltas armadas, mas da proteção que estava recebendo.
Não tinha como não pensar que tudo havia mudado no momento em que recebera aquele envelope. Não pensava mais por si, nem tinha qualquer pensamento que não fosse maculado pelas letras daquele papel. Nunca fora dona de seus pensamentos. Olhava pela janela sem saber o que seria..
No caminho, sentiu de novo aquele olhar. O mesmo de cinco anos atrás, quando ela ainda era uma incógnita e ele não sabia o que o momento permitia dizer. Sentiu-se amada.

Chegaram.
Protocolos, guias, senhas, aguarde, a senhora será chamada pelo nome.
Ele percebia o nervosismo dela. Sempre tiveram jeitos diferentes de lidar com isso. Ela inventava assuntos para que o silêncio não a conduzisse a caminhos tortos por meio de seus pensamentos, mas uma hora seu estoque acabava. Seu olhar se perdia e ele sentia que era hora de recostá-la em seu ombro. Assim o fez. E ficaram os dois sentados, em silêncio, sem querer solidificar aquela ansiedade.
Tudo isso foi quebrado pela som daquele nome feminino sendo chamado pela atendente e ecoando pela sala de espera.

Entraram na sala.
Enquanto ela se trocava, ele se sentia fora d'água, mas tentando lidar com o ambiente que frequentaria por muito tempo, dali em diante. Observava cada detalhe e tentava entender sobre tudo.
Ela deitou-se. Sentiu aquele gel refrescante em contato com a sua pele e seu coração disparou ainda mais. Turbilhão.
Ele a olhava como se ela fosse sua maior riqueza... que carregava agora maiores tesouros.
Ele segurou a bolsa, a mão, o choro:

Estavam grávidos.

sábado, 30 de janeiro de 2010

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sobre proteções.

Ela decidira mudar. E só por isso, achou que seria instantâneo. Queria deixar de lado toda aquela falsa proteção das lágrimas e dos abraços que ganhava quando isso acontecia para simplesmente não precisar chorar mais (afinal, queria mudar sua perspectiva sobre as coisas. Assim, elas não a afetariam da maneira como faziam há tempos).
Estava conseguindo. Pagou as coisas na mesma moeda que recebeu, na esperança de que o ouro valesse tanto pra quem dá quanto pra quem recebe. Não foi lá isso que aconteceu, mas ela conseguiu fazer o básico: se esforçou, sentiu pouco e não chorou. As velhas distrações a ajudaram.
O problema é que ainda estava na fase de experiência do nível básico. Não sabia controlar emoções, ainda, e por mais que o choro tenha sido engolido, como quando era criança e fazia birra dizendo que "não doeu!", o sentimento estava ali, latente. Quando o inimigo baixava guarda, sua vontade era de baixar, também, ao invés de aproveitar o momento e atacar. Coisas de amadora.
Resolveu baixar um pouco a guarda, também. Se ninguém atacasse, talvez a guerra acabasse, e ela poderia largar a armadura que não a fazia bela como ela era. A essência era algo interno demais, mas certas mentiras ditas 100 vezes tronam-se verdades, então, pra que se armar de uma coisa que ela não era?

A essa altura, mudar, pra ela, já era fingir. E não acreditava que mentindo ela pudesse ir muito longe. Era fraca pra essas coisas. Nunca escondera de ninguém o quanto era dependente dos seus próprios sentimentos e de expô-los sem problemas, desde que eles fossem tratados como tesouros que eram.

Voltou a ser ela mesma. Em um curto espaço de tempo, tirou a armadura, lançou mão de espreitar, estudar os atos daquele que não deveria ser o oponente, e sim apenas o objeto de 'estudo próximo e empírico'. Sem escudo, sem lança, sem cautela: desprotegida. Foi, sentindo-se forte o suficiente para encarar tudo do jeito que ela era. Sempre lhe disseram isso.
Enquanto ela levantara a bandeira branca, recebera golpes que lhe pareceram desferidos sem o menor controle. Talvez tivesse sentido mais pela falta da armadura.
Voltou com o coração na mão, tentando repara-lo mais uma vez. Buscando novos remédios pras velhas feridas, novas proteções, novos...

Seria melhor um novo coração?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Clichê mais lindo.

- Por favor... cativa-me disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos, Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto ...


(...)

- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
(...)
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável
pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se
lembrar.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Retratos em palavras

Firmamento
Eu encontro
Sereno
Em teus olhos
Raros

Espaços preenchidos
Com amor e poesia
No ápice da inspiração
São
Retratos em palavras

Finjo então
Escrever poesia
Mas de fato,
Eu pinto retrato
Revisito tua vida

Olhos brilhantes
Beleza hesitante
Onde repousam
Olhos meus

Pensamentos
Nada
Vagos

Divago e viajo
Em teu olhar,
De muitas histórias
A contar
E encantar

Brilho que não cessa
Mesmo quando adormece
Escrevo sem pressa
Mais do que um verso,
Sabes que merece

A verdadeira beleza
Jamais perece
Pois se veste
Com o manto da mãe natureza

Esqueço passado
Vivo presente
Cultivo semente
Que trouxeste em um dia deste
Tão claros

Ausência
De toda luz torna
Beleza do teu olhar
Ainda mais evidente
E não se demora

Despertar de cada manhã
Lá se vai, ainda mais bela
Aquarela se ervela
Em meu pensamento

Em cada movimento
Traço, reinvento
Para meu contento
Cores do olhar

Mostro-lhe uma canção
E então, me diz
Como devemos seguir?
Viver no velho mundo
Ou novo mundo construir?

Ouça o que ela nos diz
Devemos atravessar a ponte?
Mas também sei
Brilho dos olhos
Dizem ainda mais
Na calada da noite.


(de tempos atrás)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Mais do que eu posso ser

Às vezes a gente fala mais do que deveria. Sonha mais do que deveria, idealiza mais do que deveria, deseja mais do que poderia.
E aí, se desencanta mais do que imaginava, chora mais do que sonha e dorme menos do que o ideal.

Pena que continua desejando muito.