quarta-feira, 30 de setembro de 2009

As the world falls down

“Você foi a minha melhor namorada”

Em algum momento depois, achou que a conversa deveria ter parado ali. Cada um com seu pacote de lembranças, com os dias de sol e de chuva divididos em pensamento, com os beijos coloridos, os filhos, a sala de TV e a escola do pupilo a pagar – ou não.
Seria mais fácil: abririam o saquinho e, quando quisessem lembrar um do outro, teriam aquilo pra satisfazê-los. Nada de brigas no último dia: um clima estranho, porque uma história que não é coroada com um episódio trágico (porque mata o fim) não acaba sem uma certa tristeza, mas uma certeza de que ainda se gostavam. Não digo com certeza que ainda se amavam, porque o desgaste e o ‘saco-cheio’ haviam feito com que “fascínio” se perdesse no meio do caminho, mas se gostavam com a intensidade de quem não vê outra saída para coroar aquela história senão o fim, o break, o intervalo de temporadas.
Mas ela tentava amenizar. Não podia nem queria implorar por aquele amor. Se humilhar, pedindo o obséquio de que ele ficasse com ela por pena ou sem vontade, só porque ela havia pedido, faria com que seu coração e sua mente entrassem em colapso a cada vez que ela buscasse a resposta a um “Ele te ama de verdade?”
Então aceitou o fim. Era bom conseguir terminar e ainda poder fazer piadas sobre isso. Ela estava por baixo; quem dava o tom das brincadeiras ou dizia até onde eles poderiam ir sem que ela se machucasse era ela. E assim o fez. Sentiu que ainda tinha ali um abraço carinhoso e alguém que ainda pensaria nela como uma pessoa que faria falta, não uma presença obrigatória. Não postergaram nada.
Decidiu, em poucos instantes, que na hora de dizer tchau, seria capaz de dar o mais longo e carinhoso beijo na bochecha ou o mais caprichado dos beijos pegados que tinha catalogado na coleção deles. Era só sentir e fazer. Não interessava mais. Era o último, mesmo...
Sentiu, então, o peito arder. O soco no peito começava a lhe tirar o ar e as risadas e olhares que trocaram começaram a flutuar à frente dela. Acabou. As mensagens e seus textos voltaram à tona. Acabou. A certeza de ser a pequena, a baixinha, a que ajuda a enfrentar dias cinzas... Acabou. Antes do fim. Só lembrava e era cortada pelos verbos no passado que já utilizavam nas frases.
Mas ela seria uma boa lembrança, mesmo que o final tenha acontecido numa época decadente. As biografias geralmente focavam mais o tempo áureo e brilhante de qualquer pessoa que merecesse ser lembrada. E ela seria.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Carvão Carmim

Se a paixão é uma coisa vermelho-carmim passageira e o que fica é o amor, então eu concluo que o amor é uma intimidade cinza.

Ela não dá beijos coloridos, o pôr do sol não precisa ser sempre laranja e os olhos não brilham com aquela camada policromática invisível.




Taí um texto que eu pretendo continuar.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

domingo, 6 de setembro de 2009

A falta de costume

Às vezes eu me sinto só um cabelo bonito e um beijo supostamente gostoso. Um vazio, nada de que você vá sentir falta daqui a um tempo ou quando a gente terminar.

Nada de trejeitos, nenhuma mania da qual você vai sentir falta. Nada que marque, que me faça EU. Um EU pra um VOCÊ.

Eu sou essa, imperfeita, com o semblante e o corpo "imperfeitos", também, no sentido midiático, mas com qualidades que eu sei que eu tenho. Qualidades que aprecio, em mim e nos outros.

Eu queria me perder de você, um dia, assim como se perde uma criança num parque e se chora desesperadamente enquanto o balão enfeitado que se havia comprado para ela vai pelos ares.

Queria saber se só eu ía chorar sem saber por onde começar a procurar o caminho de volta. Se você vai achar que o caminho fica mais escuro sem as risadas, que o ar fica mais seco sem as lágrimas, que o ar fica mais ocre sem o perfume despejado de todos os dias.

Queria saber se só eu ía chorar sem saber por onde começar a procurar o caminho de volta. Se você vai achar que o caminho fica mais escuro sem as risadas, que o ar fica mais seco sem as lágrimas, que o ar fica mais ocre sem o perfume despejado de todos os dias.

Se a gente se perdesse, quem procuraria o posto de segurança primeiro? Quem reconheceria que está perdido?



Quem deixaria o parque primeiro?