terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sobre aconchego e confiança.

A confiança é como uma blusa de lã, bem quentinha. Ela te envolve, te aquece, te faz sentir protegida, te dá a sensação de que está tudo bem, agora que o frio ficou lá fora e você é uma criatura quente (tá, só a blusa de lã não aquece, mas faz uma diferença absurda).
Por mais 'clichê barato' que isso pareça, o abraço de pai e/ou mãe pode fazer toda a diferença em certas situações. E não é só pelo abraço, obviamente: a certeza de que eles estarão ali com você, te apoiando - mesmo que não pareça, sendo seus incentivadores, te amando, não importa qual seja o tamanho da lambança que você tenha feito, pensando em você antes de dormir e coisas do tipo, faz com que a gente não se sinta sozinho no mundo.
A certeza de poder pegar o telefone e ligar pra alguém que vai te ouvir, independentemente de ser 10 da manhã, 5 da tarde ou 4 da madruga também faz diferença. Às vezes é a briga com o namorado, o cara ou mina que deu em cima de você, uma briga de família e às vezes não é nada mesmo: só a certeza daquele "Alô! Que foi?", mesmo que sonolento, já alivia grande parte das angústias. Eu acredito que mulheres são mais apegadas a isso (dividir coisas e acontecimentos, mesmo que ínfimos), mas há ressalvas. O fato é: as que se incluem nas ressalvas, sabem que têm pilares nos quais se apoiar; certezas pre-estabelecidas sobre relações estabelecidas. E fica tudo bem melhor.

Acho que todo mundo aqui já teve momentos de frio. Daqueles bem gelados, mesmo, em que houve uma briga com os pais (quando eles ainda se fazem presentes), com o namorado/peguete/marido/filhos, os amigos estão viajando e o celular não dá sinal e, pra completar, cortaram a sua linha telefônica. Ok, até aí: são coisas ruins, mas ainda há certezas de que seus amigos vão voltar e estarão ali, seja pra te contar exatamente o que se passou, ou pra te ouvir contar com detalhes a briga e dizer alguma coisa pra te ajudar, seja só pra ouvir, mesmo.

O pior é quando não há essa certeza, a chamada: insegurança. Que corrói tudo o que vê pela frente. E principalmente, o que não vê. Que te faz sentir sem ter onde pisar. Se a gente não confiar no chão, como é que fica?


O fato é: confiar como parte de um contrato social subliminarmente aceito ou ter sempre o pé atrás? Sim, porque eu sou uma mulher de certezas.


A temperatura baixou bastante em São Paulo, hoje. Nos outros lugares também?

6 comentários:

Daniela Yoko Taminato disse...

Fato?... mmm a ESCOLHA é confiar como um ato consciente de risco e não como contrato. Contratos são seguros. Confiar é dar um voto a alguém que sim, é imperfeito e erra. E errará até o finzinho da vida. Assim como na roleta nem sempre o 7 te dará altos prêmios, as pessoas podem te desapontar algumas vezes, te dar alegrias em outras... e certezas? Cada vez mais acho que não existe muito espaço pra elas nesse jogo chamado vida. Melhor ter valores que certezas... assim vc terá uma base firme para escolher o que vc ainda quer, o q não quer mais. Valores mudam de acordo coma nossa maturidade. Certezas nos engessam.

Bjinhos mulher!

Unknown disse...

Se a gente não confiar no chão, como é que fica?

Então tem que confiar no pé!

Marcela Brunelli disse...

O pé não faz diferença se o chão for mole.

André disse...

Confiar sempre com um pé atrás e olhando onde pisa!

Binhagace disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ela disse...

Quando um único ponto da blusa de lã é desfeito, todo o fio cuidadosamente tricotado se desenrola. E aquele objeto que era tão acolhedor, se transforma num emaranhado esquisito sem utilidade.

Acho que o mesmo acontece com a confiança.