quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Se cuida

Cenas como aquela, deprimentes, aconteciam todo dia, bem ao lado dela e ela só tentava imaginar o que havia acontecido na vida alheia.
Quando isso acontecia na sua vida, não imaginava nada: buscava na memória o que ou quem havia pintado aquele quadro melancólico. Só não era bucólico porque o alumínio e o tilintar de ferros do metrô eram metropolitanos demais.
Sentados ali, pareciam um casal de idosos que já não tinham nada a falar um ao outro. Não que naquela hora se entendessem com o olhar; o que faltava era uma palavra (ou um conjunto delas) que explicasse exatamente o silêncio causado por algo que desconheciam.
As mãos unidas displicentemente mostravam dedos entrelaçados que apontavam, quase sem querer, para seus respectivos donos. Ela reparou, trançando palavras e tecendo a cena, que se desenhava sozinha.
Sentiu-se estranhamente triste, com as mãos cruzadas no colo. Havia mais alguma coisa entre elas? Não dava pra saber, eram dois corpos imóveis ocupando lugares diferentes de seus pensamentos no espaço.
De um lado, alguém se maquiava. Ela fazia isso quase todo dia e sabia que chamava a atenção. Resolveu não pensar. Lembrou de algo que ouvira do dono das mãos na semana anterior: "Quando você quiser casar comigo, a resposta é sim". Ouviu as palavras e pensou que aquele era só um dia ruim - não causado pela TPM, no fim das contas (mentais).
A mulher desceu. A lágrima se jogou. E lá se foi sua parca maquiagem...

Solta mão, abre porta, junta mão, fecha porta.

Beijo, se cuida.

3 comentários:

Unknown disse...

(Fiz um comentário gigante aí meu pc travou. Tô muito MUITO brava nesse momento e não consigo escrever tudo de novo. Volto amanhã ¬¬ hehe)

Unknown disse...

eu nem comento

Daniela Yoko Taminato disse...

Você se desenha sozinha. Os outros te colorem. Pra mim, você é rosa. (se precisar sabe né? Me liga!)