sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Intimidades

Impressionante como a gente privilegia os que são de fora. Dosa palavra, dobra a língua, engole seco e faz com que alguns absurdos passem pro lado negro da nossa força de vontade em esquecer, ajudar ou ser agradável.
O que inquieta é que isso é tudo uma grande cercania dos domínios da intimidade. A palavra engloba muito mais do que um carinho íntimo ou coisa do gênero. Nela cabem parentes, amigos de longa data ou até mesmo o companheiro.
Já parou pra pensar que você explode muito mais fácil com quem está muito mais presente na sua vida? Não dá pra engolir uma palavra atravessada da mãe, mas daquele colega chato do trabalho vc engole a grosseria coridiana e o cafezinho horrível da máquina. É incapaz de ajudar a irmã, mas para tudo pra socorrer aquela amiga que precisa de grana e "te devolvo semana que vem". Não argumenta muito com o namorado, que você acha que já deveria saber de trás pra frente o seu discurso, mas tem a paciência de um monge tibetano quando explica pela trigésima quarta vez pra desconhecidos o que você está fazendo aqui.
Espera. Alguma coisa não anda muito bem.
E você só vai dar valor pra isso quando tiver feito alguma dessas. Ou quando sentir falta. Ou então, quando tiver tempo de digitar um texto inteio pro blog pelo celular e seu celular não vibrar com mensagem de nenhum dos 3.

Um comentário:

Daniela Yoko Taminato disse...

Esse texto diz tanto... Por que a gente faz isso não é? Todo mundo tem uma facilidade que, se não observar bem, acaba mesmo é priorizando quem não nos prioriza. Não sejamos assim. <3