sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Sobre proteções.

Ela decidira mudar. E só por isso, achou que seria instantâneo. Queria deixar de lado toda aquela falsa proteção das lágrimas e dos abraços que ganhava quando isso acontecia para simplesmente não precisar chorar mais (afinal, queria mudar sua perspectiva sobre as coisas. Assim, elas não a afetariam da maneira como faziam há tempos).
Estava conseguindo. Pagou as coisas na mesma moeda que recebeu, na esperança de que o ouro valesse tanto pra quem dá quanto pra quem recebe. Não foi lá isso que aconteceu, mas ela conseguiu fazer o básico: se esforçou, sentiu pouco e não chorou. As velhas distrações a ajudaram.
O problema é que ainda estava na fase de experiência do nível básico. Não sabia controlar emoções, ainda, e por mais que o choro tenha sido engolido, como quando era criança e fazia birra dizendo que "não doeu!", o sentimento estava ali, latente. Quando o inimigo baixava guarda, sua vontade era de baixar, também, ao invés de aproveitar o momento e atacar. Coisas de amadora.
Resolveu baixar um pouco a guarda, também. Se ninguém atacasse, talvez a guerra acabasse, e ela poderia largar a armadura que não a fazia bela como ela era. A essência era algo interno demais, mas certas mentiras ditas 100 vezes tronam-se verdades, então, pra que se armar de uma coisa que ela não era?

A essa altura, mudar, pra ela, já era fingir. E não acreditava que mentindo ela pudesse ir muito longe. Era fraca pra essas coisas. Nunca escondera de ninguém o quanto era dependente dos seus próprios sentimentos e de expô-los sem problemas, desde que eles fossem tratados como tesouros que eram.

Voltou a ser ela mesma. Em um curto espaço de tempo, tirou a armadura, lançou mão de espreitar, estudar os atos daquele que não deveria ser o oponente, e sim apenas o objeto de 'estudo próximo e empírico'. Sem escudo, sem lança, sem cautela: desprotegida. Foi, sentindo-se forte o suficiente para encarar tudo do jeito que ela era. Sempre lhe disseram isso.
Enquanto ela levantara a bandeira branca, recebera golpes que lhe pareceram desferidos sem o menor controle. Talvez tivesse sentido mais pela falta da armadura.
Voltou com o coração na mão, tentando repara-lo mais uma vez. Buscando novos remédios pras velhas feridas, novas proteções, novos...

Seria melhor um novo coração?

6 comentários:

Mariana Marcoantonio disse...

gostei da imagem do ouro :)

Anônimo disse...

Quando algum sugere uma vida guerreira, é, provavelmente, por que esse alguem cansou de apanhar, resolveu se armar e começar a golpear.
O que pode ter se tornado um grande problema.
Ou seja....

Unknown disse...

um novo coração não viria com as mesmas fraquezas? pq elas são suas não do seu coração

Anônimo disse...

levante o escudo e empunhe a espada...
mas tenha destreza para desferir golpes apenas no inimigo, e naum nos companheiros de guerra...
vamos para a vida.

Unknown disse...

Na dúvida, use o ataque do Liu Kang. Mentira. Falando sério, um coração novo não leva embora os medos que sufocavam o velho.

Unknown disse...

Meu comentário, DE LONGE, é o mais tonto. Sempre. Mas eu continuo pensando a mesma coisa, apesar de agora estar no papel da sua protagonista, quando ela muda (ou finge) - pelo menos tentando. :)