quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ao mestre, com carinho!

*espaço reservado às fotos muito decentes de 'professoras' que eu achei no google imagens *

Eu queria escrever alguma coisa bonitinha pra mim, da sofrida classe dos professores pobres dos alunos ricos, mas não ando muito inspirada com a profissão mais velha do mundo (depois das prostitutas, eu acho).

O que eu sei é que a gente sofre horrores. É tratado como uma pessoa com obrigações surreais, como fazer uma pessoa saber toda a análise sintática em UMA HORA pra tirar 12 numa prova bimestral, ouve impropérios de pais que acham que a culpa do aluno preguiçoso é sua, ouve que "meu pai paga, então você tem que fazer a minha lição" e daí pra frente. Ouve também que "eu vou sentir sua falta, quando você sair daqui", ou, "prô, faz tempo que eu não faço aula com você! Tava com saudades!" ou ainda, quando seu nariz tá vermelho por motivos pessoais, antes de começar a aula, eles acreditam, com a maior certeza do mundo, que você está gripada (ou fingem muito bem).
Eu reclamo absurdos das aulas com as crianças, que me cansam, que extraem o que há de melhor e pior em mim, mas são só eles que conseguem ver você subindo a escada e correr pra te dar um abraço daqueles que você dava na sua mãe, quando chegava na escola. Elas conseguem, com a tranquilidade de quem lê um jornal, ler o que estava escrito no pc, em voz alta, na sala da minha chefe: "Há-quan-to-tem-po-vo-cê-não-tran-sa?" e dizer, "prô, o que é transa?" (e deixar você com aquela cara que grita um 'eu não sou capaz de explicar isso, ainda').



Eu ainda tenho o privilégio de dar aulas de português pra coreanos, com o detalhe deles não falarem necas de português e eu.. bom, não preciso falar nada, né? Essas aulas são as mais trabalhosas, pra mim, mas são nelas em que eu mais dou risada, devido às trocas de F por P e B por V e trocas de significado das palabras. Tá, eu sei que pode parecer maldade, mas imagine uma aula com um velho coreano que... anh, erh.. bem... dizia coisas impróprias (leia: dava em cima) para a professora, na qual ele diz que "ele (o mercado) pica lá atrás".

Ou uma freira, no seguinte diálogo:


Ela: Eu não entêndji...

Eu: Vamos lá. Você escreve: pode ou não pode. Only this!" (sim, preciso misturar inglês, às vezes)

Ela: É..

Eu: (...) Entendeu?

Ela: É.

(...)

Eu: Então escreve..! =) (sorriso fofo, tentando ser legal)

Ela: O que?

Eu, no 127 da contagem mental: Eu vou ler pra você: Você pode dormir no trabalho?

Ela: Non.

Eu: Isso, agora usa o verbo poder! (parece que eu tô na rotação errada, falando deevaaagaaar e aaarrrtiiicuuulaaando muuuitoo beem aaas paaalaaavraaaas)

Ela: huuuum... dormir trabalho? Eu não fode.

Sim, é de cagar. Às vezes eu até vou dividir com outra pessoa abençoada por Deus que escolheu a mesma profissão e trabalha no mesmo antro lugar que eu, mas não consigo reproduzir os momentos.
Bom, eu falei demais. Era pra ser só um post de congratulações pelo meu cansativo e degradante autruísta ofício.

Sorriso fofo, hoje de manhã, olhando pra mim.
- Obrigada.
- oO. Pelo quê?
- Pelas aulas.
(f)

3 comentários:

Unknown disse...

Dormir no trabalho? eu tambem não fode... mas eu durmo mesmo assim!

Parabéns Fessora!

Nath disse...

Ai, prô, nem me fala!
Entre altos e baixos realizamos nosso ofício. Compartilhamos bastante coisa, né?
Há dias em q saímos exaustas por causa da bagunça infernal e outros em q nos divertimos horrores.
Parabéns para nós! E um tridente na mão...rs.

Bjos!

Hugolino disse...

=)

.-.